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A jornada de Melissa Ramirez, de aluna universitária de primeira geração a professora universitária

O doutorando Ramón Gudiño García conversa com esta especialista em química orgânica, computacional e sintética sobre ser uma universitária de primeira geração e mulher latina na área científica

by Ramón Gudiño García, exclusivo para a C&EN
September 20, 2024 | A version of this story appeared in Volume 102, Issue 29

 

Informações vitaisMelissa Ramirez

Cidade Natal: Pasadena, Califórnia

Formação acadêmica: Bacharelado em Química, Universidade da Pensilvânia, 2016; Doutorado em Química Orgânica, Universidade da Califórnia, Los Angeles, 2021

Cargo atual: Pós-doutorado, Instituto de Tecnologia da Califórnia; Professora adjunta , Universidade de Minnesota Twin Cities

Livro marcante: O livro de Stacey Abrams, Minority Leader: How to Lead from the Outside and Make Real Change me motivou a seguir uma carreira acadêmica. Graças a esse livro, eu me dei permissão para sonhar alto e escrever minha história.

Hobbies: Adoro fazer aulas de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e treinar com o sistema Peloton (tenho a bicicleta ergométrica e o aparelho de remo em casa!).

Eu sou: Latina, chicana

Informações vitaisRamón Gudiño García

Cidade Natal: Cidade do México

Formação acadêmica: Bacharelado em Química Farmacêutica e Biológica, Universidade Nacional Autônoma do México, 2021

Cargo atual: Doutorando em Química, laboratório de Matthew R. Pratt, Universidade do Sul da Califórnia

Melhor conselho profissional que já recebi: Meu orientador Giuliano Cutolo sempre me dizia para anotar qualquer pequena modificação nas condições de uma reação ou experimento em um determinado dia. Isso pode explicar qualquer resultado inesperado no futuro.

O que faz me lembrar de casa: A grade disponibilidade de comida mexicana em Los Angeles e escutar as pessoas falando espanhol praticamente em todos os lugares em Los Angeles. Eu gosto disso.

Eu sou: Latino e mexicano

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Melissa Ramirez segue uma metodologia de ponta que combina dados computacionais e experimentos no desenvolvimento de reações catalíticas. Prestes a concluir um pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, a pesquisadora está se preparando para inaugurar seu próprio laboratório na Universidade de Minnesota Twin Cities, onde usará essa mesma abordagem para aperfeiçoar modelos computacionais para estudar reações químicas. Ramón Gudiño García conversou com Ramirez sobre como é assumir a função de professora e sobre a importância da orientação ativa.

Esta entrevista foi editada por motivos de extensão e clareza.

Melissa Ramirez está em pé diante de uma longa fonte que se estende ao fundo.
Melissa Ramirez

CIDADE NATAL: Pasadena, Califórnia

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Bacharelado em Química, Universidade da Pensilvânia, 2016; Doutorado em Química Orgânica, Universidade da Califórnia, Los Angeles, 2021

CARGO ATUAL: Pós-doutorado, Instituto de Tecnologia da Califórnia; Professora adjunta, Universidade de Minnesota Twin Cities

LIVRO MARCANTE: O livro de Stacey Abrams Minority Leader: How to Lead from the Outside and Make Real Change me motivou a seguir uma carreira acadêmica. Graças a esse livro, eu me dei permissão para sonhar alto e escrever minha história.

HOBBIES: Adoro fazer aulas de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e treinar com o sistema Peloton (tenho a bicicleta ergométrica e o aparelho de remo em casa!).

EU SOU: Latina, chicana

Crédito da Imagem: Cortesia de Melissa Ramirez

Ramón Gudiño García: Parabéns pelo seu novo emprego! Li em seu site que você é química orgânica sintética e computacional. O que isso significa?

Melissa Ramirez: Atualmente, os químicos geralmente desenvolvem ou otimizam uma reação em laboratório e, em seguida, realizam modelagem computacional para analisar a reação. Mas, como química sintética e computacional, utilizo cálculos e experimentos conjuntamente para desenvolver uma variedade de transformações químicas.

Com a orientação das simulações computacionais, posso ter uma melhor compreensão dos mecanismos de reação e das estruturas moleculares. Sem as simulações, essas informações seriam difíceis de obter ou mesmo inatingíveis.

RGG: O que o seu laboratório na Universidade de Minnesota pretende pesquisar?

MR: Meu grupo se concentrará no desenvolvimento de novas reações em catálise assimétrica, catálise de grupo principal e química de metais de transição. Estou à procura de maneiras de aplicar a computação para resolver desafios com síntese.

Pensando de forma mais ampla, vejo meu grupo desenvolvendo modelos computacionais de reatividade para prever um produto de reação antes da configuração da reação. Por exemplo, seria extremamente útil para os químicos saber se podemos funcionalizar um local específico de uma molécula em comparação com outro antes de testar a reação no laboratório.

O que realmente diferenciará meu grupo é o treinamento que os alunos terão tanto em experimentos quanto em cálculos. Quando passei da graduação para a pós-graduação, queria fazer cálculos e executar experimentos, e isso foi realmente desafiador em termos de gerenciamento de tempo e de ser capaz de transmitir informações científicas para dois públicos diferentes.

RGG: Você está animada com a ideia de ser mentora de seus novos alunos?

MR: Sim, muito animada! Estou muito animada para descobrir o histórico e as jornadas científicas dos meus alunos, para saber mais sobre os tipos de perguntas que eles fazem e o que é importante para eles e, por fim, para ajudá-los a se tornarem pesquisadores e líderes independentes.

Outra coisa que estou entusiasmada em fazer na minha carreira independente é aprender mais sobre como ajudar estudantes internacionais a ingressar em programas de doutorado nos EUA e talvez fazer uma parceria com a UAMI (Universidade Autônoma Metropolitana do México, Iztapalapa) e a UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) para trazer estudantes de química para Minnesota.

RGG: Além disso, vejo que você realizou muitas atividades de extensão e orientação na Caltech, certo? Como eram essas atividades?

MR: Duas das atividades de extensão mais interessantes das quais participei na Caltech foram, em primeiro lugar, retornar à minha antiga escola de ensino médio em Pasadena, a Marshall Fundamental School, e introduzir os alunos à química orgânica. Organizei estudantes de doutorado e de pós-doutorado dos laboratórios de Brian Stoltz, Sarah Reisman e Frances Arnold para visitarem minha escola, onde apresentamos aos alunos o campo da química orgânica, carreiras em química orgânica, como é o caminho do ensino médio para a pós-graduação e o foco de nossa pesquisa na Caltech. Também sintetizamos náilon com os alunos.

Tive a oportunidade de retribuir diretamente aos alunos que estão na mesma situação e lugar em que um dia eu estive. E, do ponto de vista do status socioeconômico, quase 75% deles foram qualificados para almoço gratuito ou a preço reduzido no ano letivo passado.

A segunda foi a orientação de estudantes de graduação nas pesquisas de verão na Caltech através do programa Wave. Esse programa tem como objetivo promover a diversidade aumentando a participação de alunos historicamente excluídos dos programas de doutorado em ciências e engenharia. Orientei seis alunos no verão de 2023 e recentemente comecei a orientar um grupo de cinco alunos neste verão.

Outra coisa que estou entusiasmada em fazer na minha carreira independente é aprender mais sobre como ajudar estudantes internacionais a ingressar em programas de doutorado nos EUA.

RGG: Sendo latina na área científica, como você acha que sua identidade moldou a maneira como você faz pesquisa e orienta?

MR: Minha identidade latina me levou a ver meus colegas e pupilos além da ciência. As qualidades pessoais que trago para a ciência — resiliência, coragem, persistência e empatia — foram moldadas pela maneira em que fui criada enquanto latina e pelas comunidades das quais faço parte.

Minha identidade também moldou minha criatividade e perspectiva otimista na pesquisa e na orientação. Tento encontrar algo positivo para extrair de cada experiência. Por exemplo, em uma reação, talvez eu não gere o produto que queria inicialmente, mas, em contrapartida, forme algo inesperado, porém valioso.

RGG: Sim, eu me identifico com isso. Sinto que, às vezes, é preciso tirar o máximo proveito de alguma coisa.

MR: Na minha infância, eu não tinha os recursos imediatos e tive que encontrar uma maneira. Precisei fazer perguntas e tirar proveito de tudo o que estivesse disponível. Eu estava em uma escola pública em que o ensino não era de alto nível, então tive que aproveitar todos os programas de preparação para a faculdade que pude encontrar.

Acredito que, quando há vontade, há um caminho, mas temos que querer. Tenemos que echarle ganas (temos que dar tudo de nós mesmos). É o esforço que deve se aliar à vontade. Você precisa unir esse desejo ao trabalho árduo. Esse caminho poderá parecer diferente, mas você acabará chegando ao seu objetivo.

RGG: Sei que você foi da primeira geração de estudantes universitários na sua família, assim como eu. Cada um de nós tem sua própria história sobre como decidimos seguir uma carreira na ciência. Qual foi a sua?

MR: Meus pais só cursaram até o segundo ano do ensino fundamental. Ambos nasceram em Tijuana no México. Comecei a me interessar por ciências no ensino médio porque participei da Escola de Verão de Matemática e Ciências do Estado da Califórnia (COSMOS). Lá, fiquei realmente fascinada com a maneira como alguns peixes do oceano se iluminam e como a química é capaz de explicar isso.

Depois, participei do programa Summer Research Connection (SRC) da Caltech no verão seguinte ao penúltimo ano do ensino médio. Na Caltech, tive dois mentores, Ramón Rodríguez, que era professor do ensino médio em Glendale, e Ann Anderson, professora do ensino médio em Pasadena na época. Ambos me ajudaram a estudar a qualidade da água do Arroyo Seco, que é um córrego local daqui. Foi ali que eu soube que queria fazer pesquisa durante a faculdade.

Ramón Gudiño García está em pé diante de um edifício com a tabela periódica dos elementos reproduzida nas janelas. Os elementos estão impressos em espanhol.
Ramón Gudiño García

CIDADE NATAL: Cidade do México

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Bacharelado em Química Farmacêutica e Biológica, Universidade Nacional Autônoma do México, 2021

CARGO ATUAL: Doutorando em Química, laboratório de Matthew R. Pratt, Universidade do Sul da Califórnia

MELHOR CONSELHO PROFISSIONAL QUE JÁ RECEBI: Meu orientador Giuliano Cutolo sempre me dizia para anotar qualquer pequena modificação nas condições de uma reação ou experimento em um determinado dia. Isso pode explicar qualquer resultado inesperado no futuro.

O QUE FAZ ME LEMBRAR DE CASA: A grade disponibilidade de comida mexicana em Los Angeles e escutar as pessoas falando espanhol praticamente em todos os lugares em Los Angeles. Eu gosto disso.

EU SOU: Latino e mexicano

O trabalho atual de Ramón Gudiño García se concentra no desenvolvimento da próxima geração de sinalizadores químicos metabólicos para estudar seletivamente as implicações da glicosilação e as enzimas participantes na célula. Além de se dedicar à química, Gudiño García gosta de aprender novas línguas, nadar e dançar salsa.
Crédito da imagem: Cortesia de Jesús Emiliano Vázquez García

RGG: Quando eu estava no ensino médio, também me apaixonei por química, especialmente química orgânica, e acho que meus pais tiveram um papel importante na minha ida para a faculdade. O mesmo aconteceu em seu caso?

MR: Meus pais estavam sempre trabalhando, mas sempre incentivaram minha curiosidade. Eles queriam que eu conseguisse ir além do que eles conseguiram em termos de educação.

Eles não queriam que eu fizesse o que eles faziam, embora ambos tivessem trabalhos importantes. Esses empregos apenas não oferecem boa estabilidade financeira, eu diria. Meu pai foi cozinheiro e lavador de pratos em um restaurante próximo à Caltech chamado Burger Continental por muitos anos. Depois, ele trabalhou no refeitório do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) e também no refeitório aqui da Caltech. Minha mãe foi cuidadora de idosos por muitos anos em Pasadena.

Desde muito jovem, eu tinha aquela sensação de “preciso ser melhor e quero mais para mim”. Acho que, na verdade, isso faz parte da mentalidade de uma filha de dois imigrantes.

RGG: Tenho uma última pergunta. Gostaria de dar algum conselho a outros jovens cientistas?

MR: Mantenha-se fiel a si mesmo. Somente você pode decidir do que é capaz. Sou o tipo de pessoa que tem lembretes adesivos na cozinha e, neste momento, tenho um lembrete que diz: “Abrace a mudança, mire alto”.

Tradução para o português realizada por Luisa Forain para a C&EN. A versão original (em inglês) deste artigo foi publicada em 20 de setembro de 2024.

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