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Edna Matta-Camacho luta contra as desigualdades educacionais na zona rural da Colômbia

Esta química também se certifica de que os medicamentos são seguros para o público

by Matías A. Loewy, exclusivo para a C&EN
September 20, 2024 | A version of this story appeared in Volume 102, Issue 29

 

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Edna Matta-Camacho sentada a uma mesa ao ar livre.
Credit: Jess Deeks
Edna Matta-Camacho

Edna Matta-Camacho se recorda de ser uma menina muito curiosa que costumava abrir rádios ou secadores de cabelo com uma chave de fenda para descobrir como funcionavam. Às vezes, quebrava coisas nesse processo, para a decepção de sua mãe. “Mas, ao mesmo tempo, ela apoiava minha curiosidade”, diz ela.

Informações vitais

Cidade Natal: Ibagué, Colômbia

Formação Acadêmica: Bacharelado em Química, Universidade Nacional da Colômbia, 2004; Mestrado em Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Nacional Autônoma do México, 2006; Doutorado em Bioquímica e Biologia Química, Universidade McGill, 2012

Cargo atual: Analista de Avaliação sênior, Health Canada; cofundadora e diretora executiva na Fundación STEM sin Fronteras

Livro marcante: Estrelas Além do Tempo, de Margot Lee Shetterly. Relata a história real de mulheres negras matemáticas que trabalharam na NASA e superaram barreiras raciais e de gênero para fazer contribuições cruciais à exploração espacial.

Um lema de vida: Não existe um caminho direto ou perfeito para atingir seus objetivos. Acredite em si mesmo, supere quaisquer obstáculos, agarre cada oportunidade que lhe permita seguir em frente e ajude os outros sempre que puder.

Eu sou: Latina

Hoje, ela continua com a mesma curiosidade. Mas em vez de mexer em objetos domésticos, Matta-Camacho é agora uma analista de avaliação sênior na Diretoria de Medicamentos Farmacêuticos do Health Canada (Ministério da Saúde do Canadá), onde ela assegura o cumprimento dos requisitos pré-clínicos e clínicos de segurança e eficácia de novos medicamentos segundo os padrões regulatórios. Ela também criou uma fundação visando estimular a curiosidade científica de meninas e mulheres jovens da zona rural da Colômbia, assim como sua mãe fez por ela.

Matta-Camacho foi apresentada à química aos 14 anos. “Foi amor à primeira vista”, lembra ela. Ela foi cativada pela ideia de que tudo na natureza, inclusive pedras, vidro e sal de cozinha, poderia ser definido em termos de compostos químicos e estados cristalinos.

Matta-Camacho foi estudar Química na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, a cerca de 200 km de sua cidade natal, Ibagué. Ela se sentiu como se tivesse entrado em seu próprio paraíso molecular. Em especial, gostava das aulas que permitiam que ela desvendasse a identidade de um composto por meio da análise de suas características físicas e químicas. “Eu gostava de juntar todas as peças para formar o quebra-cabeça”, conta.

À medida que se aproximava da formatura, ela sabia que queria dar continuidade aos estudos e fazer um doutorado, mas não havia considerado a possibilidade de fazê-lo no exterior. Sua irmã, que estava fazendo um programa de doutorado em parasitologia no Brasil, incentivou-a a procurar esse tipo de oportunidade.

Após explorar diferentes opções, optou por fazer um projeto de seis meses na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) que analisou a produção de anticorpos que auxiliam na regulação dos hormônios da tireoide no sangue. Na época, ela não era particularmente familiarizada com a bioquímica, mas sentiu-se atraída por esse campo devido a uma deficiência hormonal que lhe foi diagnosticada aos 16 anos. Matta-Camacho ainda não sabia na época, mas o projeto foi o início de uma jornada na pesquisa de proteínas que duraria mais de uma década.

Depois que obteve seu bacharelado na Colômbia, ela voltou para a UNAM para cursar o mestrado e, posteriormente, mudou-se para o norte, para a Universidade McGill, para fazer seu doutorado, no qual estudou os mecanismos que degradam as proteínas não funcionais e mal dobradas. Ela diz que ficou encantada com a “profunda conexão” entre a química e a pesquisa médica — como a compreensão da química das proteínas era fundamental para a descoberta de novas terapias.

No entanto, enquanto pesquisadora de pós-doutorado na McGill e, mais tarde, no Instituto de Pesquisa Scripps, ela se deu conta de que não estava interessada em realizar todas as tarefas administrativas exigidas de um pesquisador principal, como escrever projetos de subsídios e gerenciar orçamentos. Portanto, decidiu fazer a transição da área acadêmica para o setor industrial e ingressou na empresa farmacêutica canadense Paraza Pharma. Na Paraza, Matta-Camacho desenvolveu e testou modificações em moléculas pequenas com o objetivo de melhorar o seu encaixe nos sítios ativos das proteínas.

Mas ela conta que começou a se sentir um pouco insatisfeita no setor. “Em parte, eu me sentia motivada pelo desejo de ver aplicações imediatas do meu trabalho”. Assim, em 2019, Matta-Camacho abandonou o setor e tornou-se química reguladora no Health Canada, atuando em uma equipe multidisciplinar que certifica que qualquer medicamento lançado no mercado cumpriu todas as etapas de aprovação laboratorial, clínica e de fabricação.

“A característica dinâmica e evolutiva do ramo de regulamentação também me mantém continuamente aprendendo e comprometida”, diz ela. Ao longo dos anos, ela avaliou dezenas de medicamentos, como novos contraceptivos orais, anti-hipertensivos e medicamentos antitumorais potencialmente consumidos por milhões de canadenses. Seu trabalho garante que os dados de ensaios clínicos atestem a eficácia dos medicamentos e minimizem os efeitos colaterais.

E nesses locais, as instituições educacionais tinham condições muito precárias.

“É uma grande responsabilidade”, diz ela. Trabalhar como cientista no governo envolve geralmente a aplicação de pesquisas e evidências a políticas públicas, colocando sua equipe à frente de decisões que contemplam muitos desafios sociais e médicos. Por exemplo, garantir a segurança e a eficácia para o funcionamento adequado dos tratamentos em obstetrícia e ginecologia “aborda questões importantes, como o acesso ao controle de natalidade e opções de tratamentos de fertilidade”, diz ela. “Garantir a segurança e a eficácia desses produtos é fundamental para melhorar os resultados para os pacientes e para lidar com essas preocupações generalizadas com a saúde.”

Além de seu trabalho científico, Matta-Camacho também foi cofundadora da Fundación STEM sin Fronteras (Fundação STEM sem Fronteiras), que visa dar às mentes jovens da zona rural da Colômbia “acesso equitativo a educação e oportunidades em STEM de qualidade”, afirma ela. Criou a fundação em 2018, depois que seu irmão e sua cunhada, ambos educadores nas áreas rurais e periurbanas de Tolima na Colômbia, manifestaram preocupação com as disparidades educacionais nessa parte do país.

Edna Matta Camacho realizando um experimento científico com seus dois filhos.
Credit: Jess Deeks
Edna Matta-Camacho fazendo uma demonstração de um vulcão em seu quintal com seus filhos, Ivanna (esquerda) e Noah (direita).

“Como em muitas outras regiões do país, essas áreas rurais foram severamente afetadas pelo conflito armado [que durou décadas]. E nesses locais, as instituições educacionais tinham condições muito precárias”, conta a bioquímica. Ela acreditava que a exposição precoce às áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) seria fundamental para capacitar as crianças a realizar todo o seu potencial.

Atualmente, a fundação proporciona aos educadores dessas regiões seminários e workshops destinados ao fortalecimento institucional em tópicos STEM. “Éramos um grupo de professoras assustadas e inexperientes. E [Matta-Camacho e a fundação] nos deram apoio moral e motivacional para promover a ciência em áreas rurais sem computadores ou TV e onde os pais não consideram a educação uma prioridade” porque esperam que as crianças trabalhem com os pais, diz Anyi Zabala Hernández, que ensina 45 crianças em La Begonia, uma pequena comunidade em Tolima.

A Fundação STEM sem Fronteiras também cria atividades para despertar o interesse das alunas em STEM, incentivando meninas e mulheres jovens da região a se dedicarem à educação. “Edna é uma pessoa muito inteligente e empática, uma excelente cientista. E embora viva no exterior, ela pensa o tempo todo em como garantir que as crianças [colombianas] tenham as mesmas oportunidades que a vida lhe deu”, diz Liliana Rondón Salazar, bióloga que conheceu Matta-Camacho no México e agora dirige alguns programas na fundação.

Matta-Camacho acredita que um indicador de sucesso é a habilidade de retribuir à sociedade. Nesse aspecto, ela se considera bastante bem-sucedida e tem orgulho de sua fundação poder ajudar a apoiar estudantes que compartilham a mesma curiosidade que ela tinha quando criança.

Tradução para o português realizada por Luisa Forain para a C&EN. A versão original (em inglês) deste artigo foi publicada em 20 de setembro de 2024.

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