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Quando criança, Pablo Pastén costumava acompanhar seu pai em visitas aos rios do deserto do Atacama, no Chile. Seu pai trabalhava para a Direção Geral de Águas e entrava nos cursos d’água para medir o fluxo. Pastén esperava por ele na margem do rio.
Informações vitais
Cidade Natal: Calama, Chile
Formação acadêmica: Bacharelado em Engenharia Civil e Engenharia Hidráulica e Mestrado em Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Chile, 1995; Doutorado em Engenharia Ambiental, Northwestern University, 2002
Cargo atual: Pesquisador-chefe do projeto Cuencas Saludables, Centro de Desenvolvimento Urbano Sustentável
Molécula favorita: H2O. Água é vida.
Gênero musical favorito: Metal sinfônico
Projeto recente: Um abajur de vitral com desenhos de Charles Rennie Mackintosh
Eu sou: Latino
“Eu passava horas observando e me fazendo perguntas sobre os rios aqui no Chile”, conta Pastén. “ Era um momento muito especial.” Criado em Calama, um município profundamente ligado à indústria do cobre, ele se interessou especialmente pelos cursos d’água que corriam pelos locais de mineração.
Essas expedições com o pai na infância marcaram o início da jornada de Pastén rumo à posição de pesquisador-dirigente do Centro de Desenvolvimento Urbano Sustentável (CEDEUS) no Chile, onde faz uso da geoquímica para enfrentar desafios sociais e influenciar políticas públicas. Uma das principais questões em que Pastén está trabalhando por meio do CEDEUS é o impacto ambiental da mineração, um setor que é responsável por mais de 11% do produto interno bruto do país, de acordo com o Statista. Os rejeitos, ou resíduos criados depois que o minério é processado, geralmente contêm elementos tóxicos, incluindo metais pesados e outros produtos químicos passíveis de lixiviação na água e no solo.
De acordo com Pastén, um dos projetos mais significativos da CEDEUS começou quando ele e sua equipe visitaram Copiapó, outra cidade na região do Atacama. Eles estavam organizando um seminário quando souberam que a comunidade estava preocupada com alguns rejeitos nas proximidades. Pastén se lembra de ter se impressionado com uma foto tirada de uma investigação jornalística que mostrava um escorregador de parque infantil bem ao lado de uma pilha de resíduos de mineração.
O artigo que acompanhava a foto contava a história da Viñita Azul, um empreendimento urbano em Copiapó erguido ao lado de tanques de rejeitos abandonados que remontam a 1990. A construção prosseguiu apesar dos avisos do Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile sobre o risco potencial de contaminantes perigosos.
Pastén imaginou o que aconteceria com suas filhas se elas brincassem naquele escorregador. Ele sabia que precisava fazer algo a respeito da situação.
Ele e sua equipe analisaram amostras de poeira de estradas de Copiapó com um espectrômetro portátil de fluorescência de raios X, capaz de identificar metais e medir suas concentrações na área. Suas descobertas foram alarmantes: os níveis de cobre, chumbo e zinco excederam as diretrizes internacionais para amostras de solo residencial.
Eles publicaram suas descobertas em 2022, o que ajudou a reavivar a discussão de uma lei de referência para o solo no Chile, que estava inativa há anos (Appl. Geochem., DOI: 10.1016/j.apgeochem.2022.105230). O impacto desse trabalho também levou Pastén a escrever um livro sobre políticas públicas para o desenvolvimento urbano sustentável e a discutir sua pesquisa sobre poluição com legisladores chilenos.
Relembrando seu tempo como estudante de doutorado na Northwestern University, onde usou um síncrotron para estudar os minerais formados por bactérias aquáticas, ele nunca imaginou que essa introdução ao campo da química o levaria a orientar a política de gestão do solo em seu país. Na verdade, ele nem mesmo queria ser químico. Originalmente, formou-se engenheiro civil na Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC) para seguir os passos de seu pai e preservar a saúde dos rios do Chile.
Jean-François Gaillard, químico ambiental da Northwestern University, lembra que quando Pastén juntou-se ao seu laboratório, ele era reticente em relação à química e pretendia se concentrar em modelagem computacional.
É interessante como a necessidade de trabalhar com a comunidade e para a comunidade muda nossas vidas de repente.
“Muitos estudantes de engenharia querem sair da química por ser muito complicada. Ela tem uma reputação ruim”, afirma Gaillard. Mas ele conseguiu despertar o interesse de Pastén. Embora Pastén não fosse químico por formação, Gaillard achava que ele havia merecido o título depois das horas que passaram juntos no laboratório fazendo pesquisas para o doutorado de Pastén.
Posteriormente, Pastén retornou à UC e tornou-se pesquisador-chefe do CEDEUS. Ele também começou a lecionar química para alunos do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental.
Alejandra Soledad Vega Contreras, que cursou uma das disciplinas de Pastén na graduação, lembra-se dele como um professor rigoroso e exigente. “Mas ele é tão motivado ao lecionar que acredito que ele foi uma das razões pelas quais consegui meu doutorado em engenharia ambiental”, diz ela. Atualmente, ela trabalha como pesquisadora no CEDEUS.
Credit: Tamara Merino
Pablo Pastén coleta amostras do córrego Las Amarillas, alimenta o abastecimento de Santiago, no Chile. A longo prazo, seu laboratório está monitorando como a mudança climática afeta o córrego.
Pastén também ensinou seus alunos a usar a química para tratar de problemas que afligem a população do Chile. Sara Ester Acevedo Godoy, que trabalhou no laboratório de Pastén quando era universitária, revela que ele tem um talento especial para a divulgação científica. Em janeiro, por exemplo, Pastén participou de uma mesa redonda com um senador do Congresso Nacional do Chile para discutir maneiras de vincular a ciência às políticas públicas. Agora, Acevedo está tentando fazer o mesmo como uma das químicas que trabalham no projeto Cuencas Saludables (Bacias Hidrográficas Saudáveis) do CEDEUS, que tem como objetivo estudar os fatores de estresse naturais e humanos nas fontes de água urbanas do Chile, em um esforço para protegê-las.
Além de destacar as contribuições de Pastén para a ciência, Acevedo o descreve como “o eixo de muitas histórias” em função das muitas vidas que ele afetou. Ela e Vega destacam como Pastén promove ativamente a igualdade de gênero na pesquisa em engenharia, um campo que ambas descrevem como atualmente dominado por homens. Embora as mulheres representem apenas 30% das matrículas na Escola de Engenharia da UC em 2020, Contreras diz que Pastén supervisiona um número praticamente igual de homens e mulheres.
“Pablo é um ‘siete’ absoluto. No Chile, quando dizemos que alguém é um sete, significa que ele é o melhor”, esclarece Acevedo.
Robert Nerenberg, engenheiro ambiental da Universidade de Notre Dame que conheceu Pastén quando eram alunos de doutorado na Northwestern, lembra o papel fundamental que ele e Pastén desempenharam em um acordo entre a Notre Dame e a UC que concede aos alunos a possibilidade de se matricularem em ambas as universidades e obterem um diploma duplo. Essa colaboração universitária dá aos alunos da UC acesso a equipamentos de laboratório não disponíveis no Chile, como o síncrotron que Pastén utilizou como aluno de graduação.
Pastén acredita no poder do legado que os professores podem deixar para seus alunos. Para ele, parte de seu legado é ensinar química aplicada no Chile e atrair mais engenheiros como ele para dentro do laboratório. “Tem sido um longo caminho desde o síncrotron”, diz Pastén. “É interessante como a necessidade de trabalhar com a comunidade e para a comunidade muda nossas vidas de repente.”
Tradução para o português realizada por Luisa Forain para a C&EN. A versão original (em inglês) deste artigo foi publicada em 20 de setembro de 2024.
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