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Process Chemistry

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Carlos A. Martinez utilizou os catalisadores da natureza para tornar o Paxlovid uma realidade

Este químico de processos ajudou a aumentar a escala de produção de um componente essencial do antiviral para COVID-19

by Bec Roldan, exclusivo para a C&EN
September 20, 2024 | A version of this story appeared in Volume 102, Issue 29

 

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Carlos A. Martinez sentado em um banco de piano em frente a uma cortina vermelha.
Credit: Luis Manuel Diaz
Carlos A. Martinez

Em 2020, Carlos A. Martinez e sua equipe na Pfizer estavam em uma corrida para aumentar em grande escala a produção de nirmatrelvir, um componente essencial do antiviral Paxlovid para COVID-19. Embora possa levar anos para que um medicamento candidato à aprovação chegue aos pacientes, a Pfizer lançou o nirmatrelvir no mercado em apenas 17 meses (ACS Cent. Sci. 2023, DOI: 10.1021/acscentsci.3c00145).

Informações vitais

Cidade Natal: Cali, Colômbia

Formação Acadêmica: Bacharelado em Química, Universidad del Valle, 1994; Doutorado em Química, Universidade da Flórida, 2000

Cargo atual: Diretor do Centro de Excelência em Biocatálise, Pfizer

Hobbies: Correr, tocar piano e praticar jardinagem.

Música favorita:Somewhere over the Rainbow” de Israel “IZ” Kamakawiwoʻole. E gosto de música clássica para piano, sou capaz de ouvir Chopin e Beethoven por horas.

Projeto recente: Construí um lago em minha casa

Eu sou: Latino

Martinez, diretor do Centro de Excelência em Biocatálise da Pfizer, exerceu um papel fundamental na produção do material base para um fragmento principal do nirmatrelvir utilizando enzimas. “Como empresa, todos nós sentimos que o desenvolvimento da vacina e do “Como empresa, todos nós sentimos que o desenvolvimento da vacina e do antiviral era o que havia de mais importante naquele momento”, diz Martínez.

Como parte das iniciativas da Pfizer para colocar o Paxlovid no mercado, sua equipe reaproveitou e adaptou uma rota enzimática para produzir um intermediário usado anteriormente na síntese do boceprevir, um tratamento para hepatite C que foi retirado do mercado em 2015 (J. Am. Chem. Soc. 2012, DOI: 10.1021/ja3010495). O fragmento já havia sido produzido anteriormente, mas sua equipe não conseguiu reunir documentos suficientes detalhando a produção do medicamento, “então quase tivemos que reinventar o processo”, diz Martinez. Com base no conhecimento de domínio público e utilizando uma enzima produzida pela Codexis, Martinez e seu grupo conseguiram dobrar a produtividade em comparação com a rota do processo anterior.

Segundo ele, o maior desafio não foram os aspectos científicos do processo, mas a necessidade de trabalhar com rapidez em meio à burocracia interna e externa. A equipe precisou trabalhar ininterruptamente para cumprir prazos exaustivos, monitorar as transferências de tecnologia para fornecedores comerciais e garantir a uniformidade entre fabricantes e fornecedores.

Mas Martinez provavelmente já estava acostumado a isso. Ele liderou os esforços de biocatálise na Pfizer por mais de 20 anos. Foi agraciado com o Prêmio da Sociedade Americana de Química em Química Industrial de 2024 por suas “contribuições excepcionais à pesquisa química no contexto industrial”.

A trajetória de Martinez, marcada pelo uso criativo de reações enzimáticas na escala de toneladas métricas para a produção de medicamentos que salvam vidas, começou em uma biblioteca em Cali, cidade natal de Martinez, na Colômbia, na década de 1980. Ele adorava ler sobre os elementos químicos. “Sempre achei que havia algo maravilhoso na tabela periódica”, diz Martinez. As aulas de bioquímica durante seu quarto ano de graduação na Universidade del Valle solidificaram seu desejo de fazer pesquisa na área de química que pudesse causar impacto na saúde humana.

Depois de terminar a graduação, Martinez trabalhou como estudante visitante de verão no laboratório de Jon Stewart na Universidade da Flórida. “Foi assim que tive contato com o campo da biocatálise pela primeira vez”, diz Martinez. “Trabalhei muito duro como estagiário de verão e no final fui convidado para fazer parte do grupo de Stewart. Acabou sendo uma decisão muito boa para mim.”

Stewart conta que Martinez entrou em seu laboratório quando ele estava apenas começando, e que seu período ali foi parte da “base de tudo o que veio depois” no laboratório. Em seguida, Martinez trabalhou como pesquisador de pós-doutorado no laboratório de Frances Arnold, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde foi um colaborador essencial nos primeiros esforços do laboratório na geração de novas enzimas por meio da recombinação de sequências semelhantes provenientes de diferentes organismos. “Saí de lá com a compreensão de que o desenvolvimento de um processo poderia implicar o desenvolvimento do catalisador”, diz Martinez, em vez de só tentar adequar uma enzima disponível comercialmente a um alvo sintético.

Há muito a ser descoberto e muito valor a acrescentar ao ecossistema de pesquisa química nos Estados Unidos e em outros países por parte dos estudantes da América Latina.

Martinez iniciou sua carreira profissional no primeiro grupo de biocatálise da Pfizer em 2001, entusiasmado com o potencial de aplicar a técnica em processos industriais. Ele sabia que ampliar a escala seria fundamental. “A menos que conseguíssemos impactar projetos em grande escala, a biocatálise nunca seria integrada aos fluxos de trabalho na forma como negócios são feitos”, afirma ele.

A primeira história de êxito do grupo foi o desenvolvimento bem-sucedido de um processo de fabricação enzimática para a pregabalina, o ingrediente ativo do medicamento Lyrica para neuralgia. A técnica utilizada pelo grupo empregou uma enzima lipase disponível no mercado (Org. Process Res. Dev. 2008, DOI: 10.1021/op7002248).

“Foi a primeira vez que conseguimos identificar uma enzima e um processo que poderia ser aumentado em escala”, diz Daniel Yazbeck, membro fundador do grupo de biocatálise da Pfizer, e agora CEO do fundo de investimento privado Yazbeck & Co. O novo processo melhorou a produção e eficiência, além de reduzir os níveis de resíduos em comparação com a rota da geração anterior.

Carlos A. Martinez está em pé em frente a um lago.
Credit: Luis Manuel Diaz

“Isso preparou o terreno para futuras histórias de sucesso”, diz Martinez. “Transmitiu a mensagem de que essa tecnologia de biocatálise era viável em escala”, dando à equipe a tão necessária credibilidade.

Yazbeck conta que os primeiros anos do início do grupo de biocatálise da Pfizer foram empolgantes e intensos. “A biocatálise era um campo relativamente novo, e estávamos encabeçando os esforços da Pfizer”, diz ele. Durante todo esse tempo, Martinez foi metódico, firme e consistente. “Carlos sempre foi motivado a fazer a ciência e fazê-la funcionar”, diz Yazbeck. “A consistência e a constância vencem o jogo.”

Quando não está colecionando elogios ou trabalhando para tornar reais medicamentos que salvam vidas, Martinez tenta incentivar os estudantes de seu país a reconhecer seu próprio talento. “Tenho muito orgulho de minha criação na Colômbia”, diz ele. “A educação que recebi foi de alto nível e bastante rigorosa.”

Martinez dá palestras em universidades colombianas e mantém uma rede informal de cientistas colombianos. Ele espera que seu incentivo desperte a confiança dos estudantes em buscar estudos de pós-graduação em lugares como os Estados Unidos. “Há muito a ser descoberto e muito valor a acrescentar ao ecossistema de pesquisa química nos Estados Unidos e em outros países por parte dos estudantes da América Latina.”

Tradução para o português realizada por Luisa Forain para a C&EN. A versão original (em inglês) deste artigo foi publicada em 20 de setembro de 2024.

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