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Vaccines

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Gilead e Moderna saem na frente em tratamentos para o Coronavírus

A Gilead está à frente na criação de um antiviral, enquanto a Moderna está em busca de uma nova vacina mRNA

by Ryan Cross
March 9, 2020 | A version of this story appeared in Volume 98, Issue 9

A photo of a worker in Moderna's manufacturing facility.
Credit: Moderna
Instalações de fabricação mRNA da Moderna em Norwood, Massachusetts.

Acesse todo o conteúdo em português da C&EN em cenm.ag/portuguese.

Desde que o novo Coronavírus foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na China, em 7 de janeiro, empresas e grupos acadêmicos ao redor do mundo vêm trabalhando num ritmo alucinante para desenvolver novas terapias para o vírus, agora chamado de SARS-CoV-2. Esta semana, duas empresas de biotecnologia americanas, a Moderna e a Gilead Sciences, posicionaram-se como pioneiras.

Os primeiros testes clínicos do mundo para uma vacina para o novo Coronavírus logo começarão nos EUA. Em 25 de fevereiro, a Moderna anunciou que já enviou sua vacina experimental para o National Institutes of Health (NIH - Instituto Nacional de Saúde), que irá conduzir os testes. O processo inteiro—concepção, fabricação e envio da vacina—levou apenas 7 semanas.

Separadamente, o NIH informa que iniciou um experimento clínico para testar a capacidade da droga experimental remdesivir, da Gilead, para tratar pessoas com o COVID-19—o nome oficial para a doença causada pelo novo Coronavírus.

A novidade chega num momento crucial. Em 27 de fevereiro, as autoridades relataram mais de 82.500 casos confirmados do vírus e mais de 2.800 mortes. A maioria dos casos, mais de 78.000, está na China. Embora a taxa de novas infecções pareça estar diminuindo na China, novos surtos no Irã, Itália e Coreia do Sul colocaram o mundo em alerta máximo. Especialistas sugerem que uma pandemia pode estar próxima, e o Centro Americano para Controle e Prevenção de Doenças avisou que as comunidades americanas devem se preparar para “transtornos na vida cotidiana”.

A Gilead conseguiu mexer-se rapidamente, pois foi ela que concebeu o remdesivir, uma pequena molécula, como antiviral para tratar pessoas infectadas com o vírus Ebola. Este mês, pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), um braço do NIH, testaram o remdesivir em macacos e confirmaram que ele pode prevenir e acabar com infecções pelo Coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio, ligado ao novo Coronavírus. Agora, o NIH está testando o remdesivir em um estudo Fase II de pessoas infectadas com o SARS-CoV-2 no Centro Médico da University of Nebraska.

A Gilead já compartilhou o remdesivir com hospitais na China que estão fazendo dois testes clínicos Fase III; os resultados são esperados para abril. Em 26 de fevereiro, a Gilead anunciou que irá lançar dois testes clínicos adicionais Fase III por conta própria, envolvendo, juntos, 1.000 pessoas na Ásia e em outros lugares do mundo. Durante um fórum sobre o Coronavírus, feito pela WuXi AppTec, Thomas Cihlar, vice-presidente de virologia da Gilead, sugeriu que um teste clínico de sucesso pode fornecer dados suficientes para a aprovação do remdesivir.

A Moderna, enquanto isso, quer mostrar que pode criar vacinas experimentais para o COVID-19 e outras novas doenças em maior velocidade do que outras empresas.

As vacinas são normalmente criadas a partir de pedaços pequenos de proteína viral, fotos moleculares que nossos sistemas imunológicos estudam para saber como planejar um ataque contra o vírus real. Mas essas fotos são feitas ao cultivar as proteínas virais em milhões de ovos de galinha ou em tonéis gigantescos de células—processos demorados e trabalhosos.

A Moderna segue uma abordagem diferente. As vacinas da empresa são feitas com moléculas de RNA (mRNA) mensageiro, que são instruções sobre como produzir proteínas. Então, ao invés de ter que batalhar para identificar e cultivar os pedacinhos corretos de proteína viral, a Moderna simplesmente precisa conhecer o sequenciamento genético do vírus que os codifica. Ela pode, então, sintetizar quimicamente o mRNA que codifica as instruções para a proteína viral.

Como outras empresas, a Moderna concentrou-se na parte do Coronavírus chamada proteínas spike, as quais ele usa para se agarrar e infectar as células. A Moderna está colocando as instruções do mRNA para a proteína spike em nanopartículas de lipídios. Quando as nanopartículas são injetadas no músculo de uma pessoa, suas células devem começar a produzir a proteína spike. Em teoria, isso dá ao corpo uma chance de estudar a proteína e se preparar para uma infecção do Coronavírus real.

A Moderna começou o desenvolvimento de sua vacina para o Coronavírus com o NIH em janeiro, com o auxílio de fundos da Coalition for Epidemic Preparedness Innovation (CEPI - Coalizão de Prontidão para Inovações em Epidemias). O NIAID irá fazer um teste clínico da vacina no Kaiser Permanente Washington Health Research Institute em Seattle. O estudo deve testar a segurança da vacina em 45 adultos saudáveis.

O teste pode começar em março ou abril, e os pesquisadores devem ser capazes de afirmar se a vacina é segura e imunogênica após três meses. Se o teste da Fase I obtiver sucesso, um teste maior, com centenas ou milhares de pessoas, será lançado para verificar se a vacina é eficiente, disse o diretor do NIAID, Anthony Fauci, em uma conferência de imprensa na Casa Branca. Esse teste levaria mais 6 a 8 meses.

“Portanto, embora este seja o prazo mais curto que já tivemos para passar do sequenciamento de um vírus para um teste,” Fauci disse, uma entrega ampla de uma vacina ainda levará de 12 a 18 meses, no melhor cenário.

Talvez o maior risco à abordagem da Moderna é que pouco se sabe o funcionamento adequado de vacinas mRNA em humanos, quando comparadas a vacinas tradicionais. A Moderna já testou outras seis vacinas mRNA em testes Fase I para doenças infecciosas, incluindo influenza, chikungunya, vírus sincicial respiratório e zika, mas todos estão anos longe de serem aprovados.

A fabricação também pode ser um problema. Embora as vacinas mRNA possam ser feitas mais rapidamente que as vacinas baseadas em ovos e células, a Moderna não indicou se tem capacidade para aumentar a produção para os milhões de doses que eventualmente podem ser necessárias nos EUA. A empresa não respondeu a um pedido de entrevista.

Enquanto a Moderna é a primeira a iniciar estudos em humanos, muitas outras empresas também estão desenvolvendo vacinas para o Coronavírus. A Sanofi e a Janssen estão desenvolvendo vacinas que dependem que as células produzam pedacinhos da proteína viral. Testes em humanos começariam, no mínimo, no final do ano. Ambas as empresas estão colaborando com a US Biomedical Advanced Research and Development Authority (Autoridade Americana de Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada).

Vacinas menores, mas potencialmente mais rápidas, também estão sendo preparadas. A Inovio Pharmaceuticals, que produz vacinas DNA e não mRNA, planeja iniciar testes clínicos nos EUA e na China no início do verão. A Novavax espera iniciar os testes sobre a segurança de sua vacina de nanopartículas em humanos em maio ou junho.

Como a Moderna, a Curevac recebeu financiamento da CEPI para desenvolver uma vacina mRNA contra o vírus, embora a empresa não tenha fornecido uma previsão de quando a mesma estará pronta para ser testada.

Outras empresas que investiram em vacinas mRNA incluem a Pfizer, que fez parceria com a BioNTech, e a Sanofi Pasteur, que fez parceria com a Translate Bio. Nenhuma dessas 4 empresas anunciaram planos para desenvolver vacinas mRNA para o novo Coronavírus.

Essas traduções são parte da colaboração entre C&EN e a Sociedade Brasileira de Química. A versão original (em inglês) deste artigo está disponível aqui.

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