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Dados preliminares de um pequeno estudo de uma vacina experimental COVID-19 desenvolvida pela Moderna sugerem que a vacina é segura e pode estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos que neutralizam o SARS-CoV-2, o coronavírus que causa a doença. É a primeira vez que os resultados de um estudo da vacina para COVID-19 em seres humanos são anunciados.
A notícia, divulgada em 18 de maio, rapidamente correu o mundo e foi amplamente creditada como catalisadora de um aumento no mercado de ações. As ações da Moderna subiram mais de 20%, colocando o valor da empresa em quase US$ 30 bilhões - contra cerca de US$ 6,5 bilhões no início do ano. A empresa de biotecnologia disse que levantaria US$ 1,25 bilhão em uma oferta pública de ações e investiria na fabricação de suas vacinas para COVID-19.
Entretanto, os cientistas que desejam analisar as notícias não tiveram sorte. “Fiquei decepcionada por eles não divulgarem dados. É difícil interpretar os resultados sem os números”, diz Laura Walker, diretora de ciências de anticorpos da empresa de biotecnologia Adimab.
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A Moderna anunciou a novidade em um comunicado de imprensa e uma coletiva. A empresa afirmou que os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, que conduziram o estudo clínico de 45 pessoas, publicariam resultados detalhados antes do início do ensaio de fase III da vacina, em julho.
“O problema de se fazer ciência por comunicado de imprensa é que você não vê os dados. Você precisa confiar na empresa”, diz Paul Offit, pediatra e diretor do Centro de Educação sobre Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia. “O que é irresponsável aqui é que isso lhe dá um pingo de esperança”, diz ele, mas o pequeno estudo não prova que a vacina é segura ou capaz de proteger. “Gostaríamos de ter informações sobre mais pessoas do que o número que você poderia convidar para um pequeno churrasco”.
Os cientistas não saberão se a vacina é segura e eficaz até a Moderna realizar seu estudo de fase III, com milhares de voluntários, para demonstrar que as pessoas que recebem a vacina têm menos probabilidade de desenvolver COVID-19 do que aquelas que recebem uma injeção de placebo.
Normalmente, são necessários anos de trabalho para se chegar a um estudo de fase III e mais alguns anos para se conduzir o estudo e monitorar os participantes quanto a riscos de segurança a longo prazo. Mas a pandemia global está forçando a Moderna e muitos outros grupos farmacêuticos a comprimir seus prazos de desenvolvimento de vacinas como nunca antes.
A empresa começou a trabalhar em sua vacina logo depois que o genoma da SARS-CoV-2 foi publicado na internet em janeiro. A Moderna usa nanopartículas lipídicas para entregar o RNA mensageiro (mRNA) nas células humanas, onde é usado para produzir a proteína spike do SARS-CoV-2. O vírus usa essa proteína para se infiltrar em nossas células. A Moderna espera que sua vacina permita que nosso sistema imunológico produza anticorpos contra a proteína spike antes de sermos infectados com o vírus real.
Quase todas as 100 vacinas em desenvolvimento para COVID-19 estão apostando em uma estratégia semelhante baseada na proteína spike. Muitos deles são feitos com a própria proteína spike em vez de mRNA que codifica a proteína. De fato, nenhuma vacina de mRNA foi aprovada para uso humano, embora a Moderna represente um dos diversos grupos que desenvolvem vacinas de mRNA para COVID-19.
Em pouco mais de dois meses, a empresa projetou a vacina, fabricou os primeiros lotes clínicos e os enviou para o NIH.
O primeiro voluntário do estudo foi injetado em 16 de março. O estudo foi desenvolvido para avaliar a segurança e imunogenicidade de doses baixas, médias e altas da vacina em 45 pessoas com idades entre 18 e 55 anos. Todos receberam duas doses da vacina, com um mês de intervalo.
Os dados preliminares que a Moderna anunciou em 18 de maio vieram de amostras de sangue que foram coletadas apenas duas semanas após a segunda injeção. A Moderna usou o plasma convalescente, a fração de sangue rica em anticorpos obtida de pessoas que se recuperaram de uma infecção natural por SARS-CoV-2, para comparar os níveis de anticorpos nos voluntários vacinados.
A empresa afirma que todos no estudo desenvolveram anticorpos para SARS-CoV-2 após a vacinação. As 15 pessoas que receberam a dose baixa da vacina apresentaram níveis de anticorpos semelhantes aos encontrados no plasma convalescente. De maneira promissora, 10 pessoas que receberam a dose média da vacina apresentaram níveis de anticorpos que, segundo a Moderna, são significativamente mais altos do que aqueles observados no plasma convalescente. Os dados de anticorpos ainda não estão disponíveis para os cinco participantes restantes no grupo de doses médias ou para os 15 no grupo de doses altas.
Embora encorajadores, os resultados não garantem que a vacina funcione. “O problema é a falta de acompanhamento a longo prazo”, diz Norbert Pardi, que está desenvolvendo uma vacina de mRNA para COVID-19 na Universidade da Pensilvânia. “Uma questão crítica com muitas vacinas é que respostas imunes potentes, possivelmente protetoras, diminuem com o tempo.”
Além disso, nosso sistema imunológico pode produzir muitos anticorpos que se ligam a um vírus, mas falham em impedir que ele infecte nossas células. Aqueles que previnem a infecção são chamados anticorpos neutralizantes. É a qualidade dos anticorpos, não apenas a quantidade, que pode fabricar ou quebrar uma vacina.
A Moderna planeja testar anticorpos neutralizantes em todos os participantes de seu estudo de fase I, mas anunciou estes resultados para apenas oito pessoas - quatro que receberam a dose baixa e quatro que receberam a dose média. Quando estes anticorpos neutralizantes foram testados contra o SARS-CoV-2 em experimentos com células no laboratório, eles impediram que o vírus infectasse as células tão bem ou melhor que os anticorpos neutralizantes do plasma convalescente, de acordo com a Moderna.
“Essa afirmação é quase sem sentido”, diz Walker, da Adimab, porque sabe-se que os níveis de anticorpos neutralizantes no plasma convalescente variam amplamente. Algumas pessoas infectadas com SARS-CoV-2 não desenvolvem anticorpos neutralizantes detectáveis, enquanto outras desenvolvem níveis extremamente altos, acrescenta ela.
O objetivo de uma vacina deve ser o de induzir níveis de anticorpos neutralizantes que excedam em muito os níveis que as pessoas desenvolvem durante uma infecção natural, explica David Corry, imunologista e alergista da Baylor College of Medicine. “Não está claro se a Moderna chegou a esse ponto”, diz ele.
O estudo da fase I também foi projetado para testar a segurança da vacina. A empresa diz que uma pessoa que recebeu a dose média teve uma reação cutânea grave à injeção e três pessoas tiveram “sintomas sistêmicos” após a segunda injeção da dose alta.
Observar até algumas reações em um pequeno estudo sugere que os efeitos colaterais da vacina provavelmente se tornarão mais prevalentes quando testados em milhares de pessoas, afirma Offit. Efeitos colaterais graves são frequentemente tolerados em vacinas para doenças mais graves, acrescenta ele. Por exemplo, cerca de 10% dos adultos que recebem a vacina contra herpes, Shingrix, experimentam reações sistêmicas graves, como dores de cabeça, febres ou fadiga.
A Moderna expandiu recentemente seu estudo de fase I para testar a segurança e imunogenicidade da vacina em 60 idosos: 30 com idades entre 56 e 70 anos, e 30 entre 71 e 99. “É uma boa ideia”, diz Pardi. “Muitas vezes, as vacinas não funcionam bem em pessoas mais velhas.”
Um estudo da fase II de 600 pessoas deve começar em breve. Neste estudo, a Moderna descartará a dose baixa (25 μg) e a dose alta (250 μg). Em vez de usá-las, a empresa comparará a dose média (100 μg) com uma nova dose de 50 μg e uma injeção de placebo. A empresa diz que a mudança não se baseou na segurança da dose alta, mas no fato de que as doses baixa e média induziram anticorpos neutralizantes.
A Moderna espera que a dose de 50 μg seja eficaz, uma vez que uma dose mais baixa permitiria produzir mais vacinas com a mesma quantidade de mRNA. No fim de março, a empresa começou a fabricar o mRNA que usará em vacinas para seu próximo estudo de fase III. E em maio, a empresa anunciou uma colaboração com o fabricante contratado Lonza para produzir até 1 bilhão de doses de 50 μg da vacina por ano.
O avanço na fabricação está alinhado com uma iniciativa de vacina para COVID-19 do governo dos EUA anunciada recentemente, denominada Operation Warp Speed. O objetivo ambicioso do governo é produzir e entregar algumas centenas de milhões de doses de vacina até o final do ano. Isso exigirá a fabricação de milhões de doses das vacinas mais promissoras antes de serem aprovadas, disse o presidente Donald J. Trump em entrevista coletiva em 15 de maio. “É arriscado. É caro”, disse Trump. “Mas economizaremos enormes quantidades de tempo.”
Moncef Slaoui, ex-chefe de vacinas da GlaxoSmithKline, liderará a iniciativa dos EUA. Ele era membro do conselho da Moderna, mas renunciou ao ser nomeado.
O governo federal já comprometeu mais de US$ 2 bilhões para ajudar a desenvolver e fabricar três vacinas para COVID-19: US$ 483 milhões para a vacina da Moderna, mais de US$ 500 milhões para a vacina da Johnson & Johnson e até US$ 1,2 bilhão para a AstraZeneca, que está desenvolvendo uma vacina concebida pela Universidade de Oxford (veja a página 13). A J&J espera produzir um bilhão de vacinas para distribuição em 2021. A AstraZeneca afirmou que fornecerá 300 milhões de doses da vacina de Oxford aos EUA a partir de outubro, das 400 milhões de doses para as quais possui acordos até agora.
O programa de vacinas para COVID-19 da Moderna é o mais avançado nos EUA. No Reino Unido, Oxford já aplicou doses em mais de 1.000 voluntários em um estudo de fase I/II controlado por placebo. Os resultados são esperados em breve. Três grupos da China - CanSino Biologics, Sinovac Biotech e China National Pharmaceutical Group - já começaram os testes de fase II de suas vacinas, embora ainda não tenham divulgado detalhes sobre os resultados de seus estudos de fase I. O ensaio clínico para a vacina da J&J está programado para começar em setembro.
Essas traduções são parte da colaboração entre C&EN e a Sociedade Brasileira de Química. A versão original (em inglês) deste artigo está disponível aqui.
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